Gostaria que todas as pessoas que não apoiaram às manifestações pelo país lessem este texto e gostaria muito de dizer a elas "parabéns, esse é o seu país pelo qual você não luta".
Prezada Dilma,
Prezada Dilma,
Antes de qualquer coisa, gostaria de deixar claro que não lhe escrevo para te culpar de todos os problemas do mundo e nem do nosso país. Mas gostaria que, por pelo menos por um minuto, pudesse ler esta carta como a brasileira comum que um dia você foi. E não só você, mas todos os políticos que estão, já estiveram e estarão um dia no comando do nosso país.
Independente da minha classe social, deixo claro que o que
escrevo aqui não é pensando na classe em que me encontro, mas sim nos 200
milhões de seres humanos que moram no Brasil. Acabei de voltar de uma viagem incrível aos Estados Unidos,
pela primeira vez. Depois de todo o encantamento e magia daquele lugar, voltei
a realidade e não sosseguei enquanto não desabafei aqui, neste texto.
Preciso lhe perguntar uma coisa, Dilma. Quando vai aos Estados
Unidos, você anda pelas ruas? Conversa com as pessoas? Anda de transporte
público? Faz compras no Walmart? As mesmas perguntas lhe faço sobre o Brasil.
Você se lembra de ter ido ao mercado e feito uma compra do mês? Quando você
está no Brasil, anda pelas ruas quando não está cercada de câmeras? O que quero
lhe dizer, pode parecer cômico e banal, mas é muito mais sério do que isso.
Nos Estados Unidos, apesar de todos os contras, se vive. O
sonho americano nada mais é do que ter uma vida digna,
trabalhar para conquistar coisas e não apenas para sobreviver, como no Brasil. É sobrar um dinheirinho para
se divertir no final do mês. Citei o Walmart pois lá se compra 12 garrafas
d'água a 2 dólares, 5 litros de suco por 1 dólar, roupas por 2, 3 dólares. Comida
então, nem se fala. A compra do mês se faz e sobra com um salário mínimo (isso
sem contar o valor dele e impostos). Um morador de rua VIVE lá, não
morre de frio e nem de fome. Aqui, um morador de rua não compra um chiclete com
esses valores.
Lá você não vê ruas sujas, cachorros abandonados, buracos
nas estradas e nem árvores no meio da calçada. Aliás, árvores tem por todo o
lugar. Uma bandeira do país é encontrada em cada esquina, e agora eu posso
entender o porquê. Lá você paga os impostos sobre os produtos que compra, sobre
a distância que percorre na estrada. As pessoas sabem o quanto pagam
de impostos e só pagam pelo que utilizam. E quer saber? Tenho certeza de que aqui
no Brasil todos pagariam impostos com orgulho se tivéssemos motivos para sentir
orgulho do nosso país. Aliás, todos os lugares de que temos orgulho no nosso país, como
praias, montanhas e lugares lindos, não foram feitos pelo governo e nem comprados com o valor absurdo dos impostos que pagamos e nem sabemos bem pelo que.
Amo meu país e meu povo, mas é... INJUSTO... merecemos muito
mais. E quando digo mais não quero dizer viagens, carros novos (melhor nem entrar
nessa questão), roupas de marca baratas. Eu falo de algo muito mais simples. Falo de viver em um país sem miséria, sem fome, onde as pessoas não morrem de frio
no inverno, saem nas ruas sem medo, compram leite, roupas e brinquedos para
seus filhos. Onde vale a pena trabalhar 12h por dia porque vamos ter dinheiro
para aproveitar o tempo livre com a família.
Dilma, você sabia que nos Estados Unidos uma pessoa sem faculdade ganha mais do que uma pós graduada aqui no Brasil? Com exceção do Lula, isso não acontece por aqui. Sabe o quanto isso é desmotivador?
Dilma, você sabia que nos Estados Unidos uma pessoa sem faculdade ganha mais do que uma pós graduada aqui no Brasil? Com exceção do Lula, isso não acontece por aqui. Sabe o quanto isso é desmotivador?
Uma senhora nos
perguntou de onde éramos. Respondemos que éramos do Brasil e ela não entendeu.
"Brasil", repetíamos. Até que meu marido decidiu apelar para "Brasil,
país da Copa do Mundo, Olimpíadas...". E então ela respondeu "Ah
muito bonito lá, mas a vida é difícil, não?". Sabe o que isso significa? Nada. Significa que somos NADA.
Sinto raiva quando escuto esse tipo de definição do Brasil, país do Carnaval. Sinto
que é injusto. Mas, e você, Dilma? Também sente raiva? Injustiça? Sente
vergonha? Porque, afinal, se você representa o nosso país, é a sua cara a tapa
que está lá, à frente do navio. Você está mesmo lá, Dilma?
Gostaria de ter uma bandeira do meu país em cada esquina e
sentir orgulho disso. Gostaria de acreditar na política, de ter esperanças, de
gritar "sou brasileiro com muito
orgulho e com muito amor" fora do futebol. Gostaria que todas as pessoas
que não apoiaram às manifestações pelo país lessem este texto e gostaria muito
de dizer a elas "parabéns, esse é o seu país pelo qual você não
luta".
E quanto à você, presidente, gostaria que lembrasse em cada minuto em que permanece neste cargo, que é a
sua cara a tapa que está à frente do navio, de braços abertos e indefesa como
o Cristo Redentor, como o seu povo. Gostaria que a vergonha fizesse parte da
humildade e que isso estivesse presente em todos os governantes. E gostaria, de verdade, de
não acreditar na visão geral que temos lá de fora, na de que somos um país com mulheres peladas
bonitas, índios, cocaína e o Neymar.
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