Muitas vezes ouço histórias, frases ou palavras que me
deixam extremamente emocionadas. Talvez não exatamente por sua beleza em si,
mas pela forma como são vistas e colocadas. Algumas pessoas possuem o dom de
enxergar o mundo com outros olhos e uma criatividade e sensibilidade tão
grandes que sinto vontade de deitar a cabeça em seus ombros e ficar ali,
ouvindo elas falarem, uma história atrás da outra, sem parar, para sempre. E
quero pegá-las para mim e reescrevê-las da maneira como imaginei. Quero
contá-las para todos e sinto uma admiração quase invejável por cada palavra
colocada com sabedoria no seu exato lugar. Abaixo, com o relato de Elizabeth Gilbert, autora do Best
Seller Comer, Rezar e Amar, transcrevo um trecho emocionante narrado por ela
sobre a poeta americana Ruth Stone e seu processo criativo.
"Eu me encontrei recentemente com a extraordinária
poeta americana Ruth Stone, que está hoje com 90 anos e foi poeta a vida
inteira. Ela me contou que quando crescia trabalhando na lavoura, no interior
da Virginia, ela podia sentir e ouvir um poema chegar até ela por sobre a
paisagem, como se fosse uma lufada estrondosa de ar que
descia atrás dela até o campo. E ela sabia que estava chegando porque a terra tremia
debaixo de seus pés. Enquanto isso, ela sabia que a única coisa que podia fazer
era, em suas próprias palavras "correr como o diabo" até a casa, como
se estivesse sendo perseguida pelo poema. Ela precisava pegar uma folha de
papel e um lápis bem depressa, de tal maneira que quando o poema passasse
através dela, pudesse agarrá-lo e prendê-lo naquela página.
Algumas vezes ela não era rápida o suficiente, e apesar de
correr, não chegava ao papel a tempo. Então o poema atravessava seu corpo e ela o
perdia, mas as palavras continuavam a seguir através da planície procurando, como
ela mesma diz, "por um outro poeta". Em outras vezes nas quais o poema
passava raspando, ela corria até a casa atrás do papel e, no exato momento
em que o poema a atravessava, ela pegava o lápis com uma mão e agarrava o poema
com a outra. Era como se pegasse o poema pelo rabo, puxando de volta para
dentro do seu corpo enquanto transcrevia a página. E nessas instâncias, o poema
aparecia sobre o papel perfeito e intacto, mas de cabeça para baixo, começando
pela última palavra".
Eu poderia escrever um livro inteiro sobre esta cena. De babar, não acham?
Eu poderia escrever um livro inteiro sobre esta cena. De babar, não acham?
1 comentários :
Comigo sempre acontecia...Corria para escrever o que recebi sem pedir,e escrevia...Depois de adulta, não escrevi mais.Talvez porque tudo o que escrevi sumiu de mim...Gostei demais do texto!
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