quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Posted by jinson on quinta-feira, janeiro 23, 2014 1 comment

Muitas vezes ouço histórias, frases ou palavras que me deixam extremamente emocionadas. Talvez não exatamente por sua beleza em si, mas pela forma como são vistas e colocadas. Algumas pessoas possuem o dom de enxergar o mundo com outros olhos e uma criatividade e sensibilidade tão grandes que sinto vontade de deitar a cabeça em seus ombros e ficar ali, ouvindo elas falarem, uma história atrás da outra, sem parar, para sempre. E quero pegá-las para mim e reescrevê-las da maneira como imaginei. Quero contá-las para todos e sinto uma admiração quase invejável por cada palavra colocada com sabedoria no seu exato lugar. Abaixo, com o relato de Elizabeth Gilbert, autora do Best Seller Comer, Rezar e Amar, transcrevo um trecho emocionante narrado por ela sobre a poeta americana Ruth Stone e seu processo criativo.

"Eu me encontrei recentemente com a extraordinária poeta americana Ruth Stone, que está hoje com 90 anos e foi poeta a vida inteira. Ela me contou que quando crescia trabalhando na lavoura, no interior da Virginia, ela podia sentir e ouvir um poema chegar até ela por sobre a paisagem, como se fosse uma lufada estrondosa de ar que descia atrás dela até o campo. E ela sabia que estava chegando porque a terra tremia debaixo de seus pés. Enquanto isso, ela sabia que a única coisa que podia fazer era, em suas próprias palavras "correr como o diabo" até a casa, como se estivesse sendo perseguida pelo poema. Ela precisava pegar uma folha de papel e um lápis bem depressa, de tal maneira que quando o poema passasse através dela, pudesse agarrá-lo e prendê-lo naquela página.

Algumas vezes ela não era rápida o suficiente, e apesar de correr, não chegava ao papel a tempo.  Então o poema atravessava seu corpo e ela o perdia, mas as palavras continuavam a seguir através da planície procurando, como ela mesma diz, "por um outro poeta". Em outras vezes nas quais o poema passava raspando, ela corria até a casa atrás do papel e, no exato momento em que o poema a atravessava, ela pegava o lápis com uma mão e agarrava o poema com a outra. Era como se pegasse o poema pelo rabo, puxando de volta para dentro do seu corpo enquanto transcrevia a página. E nessas instâncias, o poema aparecia sobre o papel perfeito e intacto, mas de cabeça para baixo, começando pela última palavra".

Eu poderia escrever um livro inteiro sobre esta cena. De babar, não acham?

1 comentários :

projetoxxxxxx.blogspot.com disse...

Comigo sempre acontecia...Corria para escrever o que recebi sem pedir,e escrevia...Depois de adulta, não escrevi mais.Talvez porque tudo o que escrevi sumiu de mim...Gostei demais do texto!